
Aneurismas cerebrais
Aneurisma cerebral é uma dilatação em forma de saco (aneurisma sacular) localizada na parede da artéria (vaso que leva o sangue com nutrientes e oxigênio aos tecidos) ou incomumente uma dilatação difusa envolvendo a circunferência da parede arterial (aneurisma fusiforme), que ocorre em menos de 1% dos casos.
Estima-se uma prevalência de 4-5% de aneurismas na população em geral, com um predomínio no sexo feminino (54 a 61%). Cerca de 25% dos pacientes terão mais de uma lesão aneurismática.
Os aneurismas cerebrais podem ser diagnosticados através de exames de angiorressonância magnética e angiotomografia de crânio (exames não invasivos). No entanto, o padrão ouro no diagnóstico e avaliação precisa dessa lesões é feita através da angiografia cerebral.
Os aneurismas são hereditários?
Embora raramente os aneurismas estejam presentes em mais de um membro da família, recomenda-se a investigação não invasiva (por angiotomografia ou angiorressonância) em indivíduos que possuam dois ou mais parentes de primeiro grau com diagnóstico de aneurisma cerebral. Aneurismas familiares costumam possuir um fenótipo mais agressivo, com ruptura em faixas etárias mais precoces.
Outras condições hereditárias podem estar associadas a presença de aneurismas cerebrais, como doença renal policística, síndrome de Ehler-Danlos, síndrome de Marfan, neurofibromatose entre outras.
Todo aneurisma precisa ser tratado?
Quanto a indicação de tratamento é importante diferenciar os aneurismas incidentais, cujo diagnóstico fora feito através de tomografia ou ressonância magnética por ocasião da investigação de condições neurológicas não necessariamente relacionadas ao aneurisma, dos aneurismas rotos cuja manifestação e diagnóstico se deu através de acidente vascular hemorrágico. Os aneurismas incidentais são geralmente assintomáticos.
- Todos aneurismas rotos devem ser tratados com urgência para evitar que voltem a sangrar
- Nos aneurismas incidentais avaliam-se a localização e tamanho da lesão (entre outros fatores), os quais se relacionam ao risco de ruptura e a história natural, que são balanceados com os riscos inerentes ao tratamento, resultando na escolha do melhor manejo da condição
- Aneurismas maiores de 7 mm apresentam maior risco de sangramento, porém lesões menores em certas localização do cérebro podem cursar com alto risco de sangramento
- Os sangramentos de aneurismas produzem um tipo de AVC hemorrágico chamado de hemorragia subaracnóidea
Quais são os sintomas de um sangramento de aneurisma cerebral ?
Dor de cabeça de forte intensidade com início repentino, costumeiramente acompanhada de náuseas e vômitos e ou perda de consciência. Pode haver rigidez de nuca e hipertensão arterial.
Embora perda de força, alteração da visão incluindo visão dupla, alteração da fala e confusão sejam mais comuns nas isquemias cerebrais (derrames), também podem ser observados nos sangramentos de aneurismas.
Como é o tratamento de aneurismas?
O tratamento dos aneurismas inclui cirurgia para clipagem, tratamento endovascular com micromolas de platina, combinados ou não a implante de stents intracranianos ou diversores de fluxo, sacrifício do vaso e observação do aneurisma. A seleção do tratamento depende de vários fatores, como idade do paciente, condições médicas, tamanho do aneurisma e sua localização.
A oclusão endovascular ou embolização de aneurisma, quando indicada, nos aneurismas rotos pode ser feita imediatamente após o término da angiografia cerebral diagnóstica, pela mesma via de acesso obtida pela punção através da pele da perna e sem necessidade de remoção do paciente para outra sala.
Um microcateter é inserido e guiado delicadamente sob visão de raio X até o interior do aneurisma, onde delicadas micro molas de platina são introduzidas ocluindo-o completamente.
Em alguns casos pode ser utilizada uma delicada malha metálica cilíndrica que se expande ao ser liberada. Essa malha se expande ao ponto de tocar as paredes normais do vaso portador do aneurisma e que recebe o nome de stent intracraniano, servindo como um anteparo a garantir que as micro molas permaneçam restritas ao interior do aneurisma, nos casos cuja comunicação da lesão aneurismática com seu vaso portador (chamada de colo) seja ampla. Alternativamente um micro balão que é insuflado intermitentemente na frente do aneurisma pode auxiliar na deposição das micro molas de modo a evitar que haja protrusão das mesmas para o vaso portador.
Alguns aneurismas podem ser tratados com dispositivos diversores de fluxo, os quais são uma espécie de stent cujas malhas possuem maior densidade metálica e menor porosidade e induzem por modificações no fluxo do aneurisma a sua trombose (formação de coagulo) com o passar do tempo. Uma evolução derivada dessa tecnologia para mudança de fluxo, permitiu o desenvolvimento de outras estruturas de disrupção de fluxo para implante direto no interior do aneurismas em bifurcações, antes consideradas de difícil tratamento por via endovascular, são os dispositivos disruptores de fluxo intra-sacular, dentro os quais temos disponível no Brasil o Web.